Os formatos da vulva são uma pauta delicada e cercada de tabus. Infelizmente, as pressões estéticas sobre o corpo feminino são muito grandes, o que leva o Brasil a liderar a cirurgia íntima feminina.
Recentemente, houve uma competição no sul do país para eleger a “vagina” mais bonita, avaliando os lábios internos e externos, cor e outros critérios questionáveis. No entanto, a competição começou com o nome errado, pois avaliava a vulva e não a vagina..
Competitividade feminina?
A vontade de ter a vulva mais bonita e de competir com outras mulheres acontece em grande parte devido à pressão social. Será que aprendemos desde cedo a nos vermos como concorrentes e ameaças umas às outras, e por que temos tanta dificuldade em admirar a beleza das outras sem diminuir nossas próprias qualidades?
A escritora Valeska Zanello denomina esse fenômeno como a “prateleira do amor”, em que a mulher é colocada na sociedade para ser amada, desejada e aceita dentro de um relacionamento, sem voz e sem a capacidade de expressar suas necessidades e intuições.
No entanto, as vulvas são tão ecléticas quanto a mata atlântica: com cores, tamanhos e formatos totalmente diferentes. Algumas são claras, outras escuras, algumas possuem lábios internos maiores e lábios externos menores. Algumas são mais abertas, outras mais fechadas, e todas são únicas e belas à sua maneira.
Em meus atendimentos e no curso “Descobrindo o Prazer”, ensino o exercício do espelho, que é conhecer a sua vulva, observar suas estruturas, cores e formatos, sem julgamentos internos ou externos, mas com reconhecimento e auto aceitação.
Vale ressaltar que a verdadeira beleza de uma vulva está na capacidade de sentir prazer, expressar seus sons e exalar amor próprio. Viver sem dor ou incômodo, com saúde íntima em dia, gemendo e expressando seus desejos com muito respeito por si mesma é muito mais atraente do que uma vulva “perfeitinha”.
O que realmente importa na hora do prazer?
Na hora H, fatores como o cheiro do outro, simpatia, inteligência e empatia são mais importantes do que a aparência física. É importante lembrar que por trás de muita opressão existe um corpo cheio de prazer.
Eu mesma tive uma experiência semelhante com meus seios. Por muito tempo, tive um olhar crítico em relação ao tamanho deles, não reconhecendo a beleza e o potencial orgástico que possuíam.
Com autoconhecimento e terapia, passei a amá-los e olhá-los com carinho, resultando em vários orgasmos com a estimulação deles, sem necessidade de tocar no clitóris.
Faça o exercício do espelho e descubra como é sua vulva. Conheça-se e liberte-se dos padrões estéticos irreais.
Saiba mais sobre o exercício do espelho no Descobrindo o Prazer
