Ainda hoje, em pleno século XXI, há muitos pudores e tabus relacionados à masturbação feminina. No entanto, é importante que todas as mulheres tenham a chance de se conhecer sexualmente, pois isso as torna mais seletivas em relação às suas parcerias e as faz sentir mais prazer nas relações.
Descobrir o prazer sexual é, antes de tudo, descobrir a si mesma.
Eu me lembro da minha transição da masturbação inconsciente para a consciente. Quando me masturbava de forma inconsciente, costumava assistir a filmes pornôs e ter orgasmos tipo “pinguinho”, uma tremidinha que parecia satisfazer-me.
Tudo bem, talvez sentisse alguma satisfação, mas estava totalmente focada nas imagens e na estimulação habitual do meu clitóris. Não me sentia direito, não explorava minhas reais fantasias sexuais e nem as sensações corporais que realmente me satisfaziam.
Claro que existem vários tipos de orgasmo feminino e romantizamos demais, esperando que seja como aqueles orgasmos de filme, mega potentes e artísticos.
Há mulheres que têm orgasmos silenciosos e outras, orgasmos mais escandalosos. Mas, quando apenas olhava as imagens na tela e me tocava da mesma forma habitual, esquecia de explorar as minhas fantasias sexuais e conhecer novas formas de prazer.
A importância das fantasias
Fantasiar é uma forma de realizar o que há de mais profundo nos nossos desejos sexuais e que muitas vezes não seria confortável na vida “real”. Além de não explorar minhas fantasias, eu não explorava as sensações corporais. O que eu realmente queria? O que realmente me satisfazia?
Quando comecei a me especializar nos estudos do tantra, da sexualidade e da fisioterapia pélvica, descobri a masturbação consciente.
Essa prática me permitiu explorar minhas fantasias sexuais em conjunto com as sensações do meu corpo e conhecer sozinha as minhas regiões de prazer, criando uma comunicação mais clara com meu corpo não só no momento do sexo, mas também no dia a dia.
Na aula de automassagem tântrica na vulva, ensino a masturbação consciente no curso “Descobrindo o prazer”. Nessa aula, é possível descobrir movimentos para fazer no clitóris, sair do habitual e tornar essa prática mais agradável e a favor da saúde sexual e emocional.
Afinal, quando falamos de sexualidade, está ligado ao emocional, à autoestima e ao empoderamento corporal.
Outra barreira em relação à masturbação são os estigmas religiosos. Lembro-me de quando pequena não poder sequer encostar na minha vulva, minha avó já mandava eu tirar a mão dali porque era sujo e feio.
A pesquisadora Sophia Wallace perguntou para homens e mulheres com quem haviam tido a primeira relação sexual. A maioria dos homens respondeu que havia sido com a masturbação e as mulheres que havia sido com algum homem.
Nitidamente, com este estudo, podemos perceber que o contato com a própria sexualidade é mais estimulado para os homens do que para as mulheres, o que pode ser uma das razões pelas quais muitas mulheres têm dificuldade em colocar limites e finalizar relacionamentos desagradáveis.
Por isso, mais uma vez, eu digo que uma mulher que conhece a si mesma e seus pontos de prazer se torna mais seletiva em relação a seus parceiros e, consequentemente, aprende a estabelecer limites e encontrar relacionamentos mais saudáveis.
E, por fim, lembre-se: explore o seu próprio corpo e se toque, afinal, o autoconhecimento é fundamental para uma vida sexual saudável e prazerosa.
Se toca mulher!
#saúdesexualfeminina, #masturbaçãoconsciente e #autoconhecimento.